Gestalt-terapia

Psicossomática e Gestalt-terapia - abordando o corpo gestalticamente

por Graça Gouvêa

O trabalho corporal, em Gestalt-terapia, não obedece a um projeto pré-estabelecido pelo terapeuta, o que acontece em muitas das terapias corporais, uma vez que o gestalt-terapeuta procura acompanhar o fluxo de consciência do cliente, focalizando e amplificando as suas sensações para, a partir daí, favorecer a amplificação espontânea de movimentos (podendo ou não levar a catarse - FAGAN, SHEPHERD, 1980[1]; GINGER, GINGER, 1995[2]; STEVENS, 1976[3]; DYCHTWALD, 1984[4]).

A Gestalt-terapia preconiza que a autorregulação do organismo sempre procura alternativas criativas para a satisfação das necessidades (mesmo quando uma doença se instala, o propósito inicial é a autorregulação do organismo); assim sendo, o terapeuta pode estimular, através de técnicas vivenciais, a sensibilização das necessidades atuais, favorecendo a tomada de consciência e possibilitando um reajustamento criativo. Compreendendo que o adoecimento se deve a um ajustamento que não é mais funcional para o organismo, pois tal ajustamento está desatualizado em relação às necessidades deste, atendendo a necessidades fantasiadas.

A doença reflete um comprometimento na capacidade de escolha e a cristalização de uma determinada resposta do organismo (defesas patológicas), atuando em cima de necessidades, na maioria das vezes, não mais atuais (respostas às experiências do passado, projetadas como fantasias no presente). O trabalho corporal visará a ressensibilização do organismo para que possa reestruturar novas respostas criativas que atendam às suas necessidades atualizadas.

A catarse não é vista como um fim em si mesmo, pois só tem valor se a relação terapêutica a comporta e lhe oferece significado (assim como qualquer técnica ou experimento gestáltico). O sintoma corporal é deliberadamente utilizado como "porta de entrada",o que permite um contato direto com o cliente, respeitando a via que ele mesmo "escolheu" (o sintoma geralmente recebe a atenção da consciência). 

Abordar o corpo gestalticamente, implica no reconhecimento do funcionamento integrado do corpomente (DYCHTWALD, 1984)[4] e numa ação terapêutica integrada através do exercício da "awareness" (STEVENS, 1976)[3].

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1]: FAGAN, J. e SHEPHERD, I.L. - GESTALT-TERAPIA - TEORIA, TÉCNICAS E APLICAÇÕES , Rio de Janeiro: Zahar, 1980.

[2]: GINGER, S e GINGER,A.- GESTALT- UMA TERAPIA DO CONTATO , São Paulo: Summus, 1995.

[3]: STEVENS, J.O. - TORNAR-SE PRESENTE , São Paulo: Summus,1976.

[4]: DYCHTWALD, K. - CORPOMENTE , São Paulo: Summus, 1984.