Gestalt-terapia

O Aqui-estendido-e-agora na Gestalt-terapia on-line

por Hugo Elídio Rodrigues  (24.07.2020)

 

2020_mes07_cursos_cabeca_artigo-aqui-estendido1.jpg

Apresentação :

Em função do honroso convite para participar de uma conversa on-line organizada  pela Associação Brasileira de Gestalt-terapia e Abordagem Gestáltica,  escolhi como tema “O aqui-estendido–e–agora na Gestalt-terapia on-line”. Para fundamentar esta breve apresentação, este texto visa oferecer uma possibilidade, para quem se interessar, em aprofundar os detalhes que não foram desenvolvidos, durante a apresentação da live, no Instagram da ABG, ocorrida em 24 de julho de 2020. 

Este texto foi produzido a partir de reflexões pessoais, baseadas nos vários aspectos tanto vivenciais, quanto teóricos e metodológicos ocorridos ao longo da minha experiência profissional enquanto Gestalt-terapeuta, em relação ao atendimento psicoterapêutico remoto, e intensificadas durante o período do isolamento social imposto pela pandemia do corona-vírus que vem ocorrendo neste primeiro semestre de 2020.

O objetivo deste texto é dar uma referência teórica para justificar o emprego de um pequeno, porém, muito importante conjunto de perguntas para o cliente com quem o terapeuta trabalhará , atendendo-o no ambiente virtual; conjunto este que neste trabalho  e junto aos meus clientes, tenho  chamado de “protocolo on-line”.

 

Introdução :

Para introduzir esta discussão, primeiro um esclarecimento do próprio título. O termo “aqui e agora” já é muito debatido na literatura gestáltica, não havendo a necessidade de maior aprofundamento. O acréscimo do hífen que utilizo, é somente para ressaltar o aspecto holístico através do qual entendo que tais palavras precisam ser entendidas. Não como uma coisa e mais outra, mas como uma unidade, enquanto “campo de presença” (conforme citado no livro “Dicionário de Gestalt-terapia”, 2007, pág. 24). Porém, aqui incluo a palavra “estendido”, exatamente para trazer um convite para questionarmos como o aspecto ambiental se desdobra no atendimento on-line, perfazendo uma nova unidade, mais complexa.

Somente por uma questão de melhor contextualização, toda a concepção deste texto está baseada  no modelo mais frequente de processo terapêutico, ou seja, a díade terapeuta-cliente (adulto), ocorrendo virtualmente (atendimento on-line).

Indicarei duas bases teóricas que demonstram como relacionar este tema com a metodologia da Gestalt-terapia. Inicialmente, com a contribuição de Kurt Lewin e a sua Teoria de Campo, também com a noção de “episódio de contato”, no livro “Gestalt-terapia integrada” de Erving e Miram Polster.

Neste texto apresentarei três problemas relacionados ao atendimento on-line , intensificados pela situação imposta do isolamento social. Os problemas serão apresentados teoricamente e, também, com ilustrações de casos clínicos.

A partir dos problemas expostos, ressaltarei como a Gestalt-terapia tem recursos metodológicos para lidar com tais problemas, finalizando o texto com uma sugestão de perguntas dirigidas aos clientes,  que poderão auxiliar o terapeuta em sua melhor descrição do ambiente complexo do encontro terapêutico, que emerge nos tempos atuais.

Fundamentação teórica :

Em relação ao ponto de vista da teoria de Campo, Lewin (Lewin, 1973)  nos mostra como um comportamento é algo que surge exclusivamente em função da relação da pessoa com o seu ambiente. Segundo Lewin :

“Todo e qualquer evento psicológico depende do estado da pessoa e, ao mesmo tempo, do ambiente, embora a importância relativa de uma e de outro seja diferente em diferentes casos... Toda a psicologia científica deve tomar em conta situações totais, isto é, o estado da pessoa e do meio ambiente.” (Lewin, 1973, págs. 28 e 29)

 

Buscando a univocidade da linguagem, Lewin escolhe expressar esse pensamento como uma equação matemática : C=f(p x a) o comportamento “C” é algo que se dá em função “f” da relação da pessoa “p” e seu ambiente “a”.

A importância aqui é o termo “ambiente”. Sendo o comportamento algo que surge em função da relação da pessoa com seu ambiente, no trabalho do atendimento  virtual, o que podemos compreender como ambiente ?

O atendimento virtual pode implicitamente induzir a lidar com um limite físico perceptivo, que é aquele através do qual  a câmera  do outro capta e transmite algo ao terapeuta, e vice-e-versa.  Tal indução é também algo compreensível a partir do modelo do atendimento presencial  ao qual  terapeutas em sua maioria poderiam estar acostumados. O terapeuta recebia o cliente em um único ambiente: seu consultório. Inercialmente, no mundo virtual, pode ocorrer tal extensão de comportamento, lidando com o que é visto pela câmera como sendo esse “ambiente único”, limitando o que o terapeuta vê e, então, com o quê trabalha.

O comportamento de um cliente no atendimento on-line  se demonstra submetido aos atravessamentos de seu ambiente, no seu “espaço vital psicológico”,  quer seja algo demonstrado visualmente pela câmera,  ou não. Esta  frase, o “espaço vital psicológico”, segundo Lewin (1973, pág. 29) designa : “... a totalidade de fatos que determinam o comportamento de um indivíduo num certo momento. “

Aqui, ressaltamos  o primeiro problema proposto para  ser discutido : a multiplicidade dos ambientes on-line e a perda da exclusividade do tema a ser trazido pelo cliente ao encontro terapêutico, perda esta a favor do que ocorre no “espaço vital psicológico”.

Como mencionado no início deste trabalho, achamos pertinente trazer o conteúdo do capítulo sete do livro “Gestalt-terapia Integrada”, de Erving e Miriam Polster. Neste capítulo, intitulado “Episódios de contato”, os autores escrevem como é que uma sessão de terapia pode transcorrer através de algumas  etapas (discutiremos um pouco mais sobre isso adiante). De fato, no trabalho presencial, é reconhecível como se estabelece uma certa gradação durante cada encontro, que começa com uma rotina receptiva em relação à chegada do cliente, que coincide com a despedida do cliente anterior. Essa rotina pode  envolver algumas ações, como  levar o cliente, ao término da sessão,  até a porta de saída, para se despedir;  entrar com o novo cliente, dando a ele um tempo para se sentar, oferecer uma água ou café, etc.

Pela ótica do cliente, essa rotina do atendimento presencial, entretanto, não  se limitava ao ambiente terapêutico. É importante considerar que o cliente tem sua própria rotina em relação ao seu dia e hora para chegar à  terapia. Alguns procuram sair mais cedo de onde estão, para ter mais tempo de pensar sobre o que querem trazer à terapia. Outros aproveitam para parar em algum lugar antes, para um lanche ou algo assim, dando-se um tempo para entrar em contato com o ambiente da terapia. Ao final da terapia ao ir embora, também pode ocorrer algo semelhante. Alguns clientes podem ter feito uma rotina de dar uma caminhada após a terapia, para pensar e sentir sobre o que foi vivido, e buscar um tempo para facilitar a assimilação da sua experiência. Outros podem querer sentar-se em um lugar tranquilo, tomar notas, etc. Em ambos os casos, temos que a passagem, para entrar ou sair, do processo terapêutico, requer um tempo. Igualmente, esta gradação também acontece durante a própria sessão, que envolve um certo “aquecimento” em relação ao cliente chegar ao seu tema, lidar com as resistências para esta exposição, encontrar meios de finalmente expor, dando tempo para ser trabalhado e ganhando com isso uma maior sensibilidade sobre sua própria forma de lidar com aquilo, integrando comportamentos antes alienados, e ampliando agora sua capacidade de resposta perante suas questões.

Como fica isso no universo do atendimento on-line ? Como cada cliente pode entrar na hora combinada, eventualmente o início da sessão pode coincidir com um exato segundo atrás onde o cliente estava envolvido em outra atividade, podendo ocorrer também que, ao término da sessão, o cliente precise voltar a esta atividade, ou imediatamente se envolver com uma outra. Como se o cliente clicasse “alt+tab”, e em um segundo está num ambiente , por exemplo, profissional, e no segundo seguinte, já em atendimento. Aqui, o segundo problema que discutiremos: a ampliação da sintaxe do atendimento, onde o cliente pode chegar já muito “aquecido”, pois as fronteiras entre o que estava vivendo e a chegada ao encontro terapêutico pode chegar a  ser algo com diferença de alguns segundos.

Diante da necessidade atual do isolamento social, muitas das questões acima, também ocorrem com o terapeuta. Uma discussão sobre isso também será aqui incluída.

Imediatamente ligado ao aspecto acima, é necessário reconhecer que há uma necessidade de rever a questão do tempo. E como fica o tempo cronológico invadindo o espaço do tempo vivido, eventualmente parecendo que o segundo é esmagado pelo primeiro e, caso seja rotineiro, podendo até gerar o que bem recentemente se avalia como “fadiga virtual”?

Este passa a ser o terceiro problema que discutirei: a compressão do tempo cronológico.

Para todos os aspectos citados acima, a Gestalt-terapia , a meu ver, apresenta recursos em sua metodologia que nos dão condições de utilizarmo-nos deles com propriedade e rigor teórico. Pois quando a GT incorpora em sua metodologia a descrição fenomenológica, esta não se apresenta, desde o início, com  uma restrição de espaço, distância, ambiente tema etc. A descrição fenomenológica, dada suas características, se apresenta como método de deixar vir as “coisas mesmas”, deixar vir o sentido do que torna algo possível de estar acontecendo como está acontecendo (conforme encontramos em Heidegger, 2012,  Parágrafo 7). Os recursos do uso da checagem, dos experimentos e, também, do humor, são outros importantes auxiliares .

Vamos discutir cada aspecto.

 

Parte  1 : a multiplicidade dos ambientes on-line e a perda da exclusividade do tema a ser trazido pelo cliente ao encontro terapêutico, perda esta a favor do que ocorre no “espaço vital psicológico”.

De uma forma óbvia, podemos de imediato perceber que o  ambiente através do qual o atendimento on-line acontece é, minimamente, dobrado. Em alguns tipos de ferramenta de comunicação virtual, pode minimamente, quadruplicar. Pois o terapeuta está em seu ambiente (espaço 1 : seu escritório, às vezes em sua casa, seu quarto, sua sala,  ou mesmo em seu consultório)  vendo o cliente pela câmera do celular ou computador. O cliente reciprocamente está no seu espaço (espaço 2: seu quarto, sua sala, sua varanda etc ). Então já temos minimamente , dois diferentes espaços, não sendo apenas um só “aqui-e-agora”, mas dois ambientes diferentes. Porém, cada um pode ter acionado e mantido em sua própria tela, uma outra tela menor, que fica normalmente no canto superior direito,  onde mostra a própria imagem, como um espelho, através da qual o cada um  pode se olhar. Através da minha experiência pessoal, essa telinha cria mais um outro ambiente, desta vez, em uma relação a como eu me vejo e também como o cliente se vê. Com isso, temos mais outros dois espaços como horizontes de possibilidades de emersão de vivências , durante o atendimento.

Vou apresentar este tema, através de um exemplo de um caso clínico, ainda em andamento. Trata-se de um atendimento de um cliente “M”,  redor de 45 anos, em terapia há um longo tempo. Traz um histórico de forte laços afetivos com a mãe. Ainda adulto, sua mãe superprotetora, há muitos anos separada do marido ,  pai de “M”,  e morando só com ele,  insistia em comportamentos profundamente infantilizadores através dos quais provocavam muita insegurança para M. Anos depois do início do processo terapêutico, M havia passado em dois concursos públicos, terminado um doutorado, se preparava para escrever um livro e passou a morar sozinho . Em suma, a mãe dele nutria uma profunda antipatia pela figura do terapeuta.

Em função do isolamento social, M achou mais prático passar esta etapa com a mãe. Devido ao isolamento social, quando passamos ao atendimento virtual, M fica em um ambiente que frequentemente passa a ser perturbado pela figura da mãe que entra, bate portas, produz sons como quedas de objetos, encomenda compras que chegam na hora da sessão etc. Sendo que, em duas ocasiões, a encomenda se tratava de compras de mês de  supermercado ! Ou seja, há na terapia a inclusão do outro espaço onde a mãe de M está, que é de uma qualidade diferente de quando , presencialmente, M vinha à terapia no ambiente único do consultório, e relatava o que ele escolhia relatar sobre a mãe, sem nenhuma interferência sobre o que dizer. Agora, isso não acontece, pois a interferência finda por se tornar , eventualmente, compulsória.

Nestas situações, utilizo do recurso básico da checagem. “- Como está sendo lidar com o que está acontecendo (em relação ao que a mãe dele está fazendo)?” Como isso já aconteceu, e com frequência,  alguns aspectos em relação à atitude dele de não colocar seus limites, não só para a mãe, mas para outras inúmeras situações também, já contribuíram para um reconhecimento de uma antiga forma de agir, que não lhe interessa mais. Desta forma, já tomamos alguns caminhos bem proveitosos, a partir destas situações.

Com uma outra apresentação de caso, acredito poder sugerir como também no ambiente virtual, é importante a manutenção da atitude descritiva, incluindo elementos que estão presentes neste campo vivencial.

Um cliente H, redor de 40 anos, em terapia redor de um ano, casado recentemente com uma esposa que demonstra muita dificuldade em lidar com as privações do isolamento social, permanecendo frequentemente nervosa. H, em uma recente sessão de terapia, se diz muito irritado com as reações da esposa, e como em uma última briga, ela atira um pesado objeto de vidro na direção dele, sem acertar. Ele fala do absurdo da situação, olhando para uma direção diferente da direção da câmera. Percebo esse movimento e peço para ele descrever o que olhava. Ele olhava para o objeto arremessado contra ele. Convido-o para um experimento trazendo este objeto como tema, o que prontamente foi aceito pelo cliente. Propus um rápido exercício de dar voz, o que gerou, ao final da sessão, uma maior consciência de sua atitude passiva, como se não pudesse fazer nada, esperando que alguém o salvasse. A partir daí, o cliente está buscando novas formas de interação.

O importante é reconhecer o que podemos obter neste novo ambiente virtual, em  contraste em relação ao ambiente do consultório presencial. O ambiente on-line pode passar a incluir objetos, situações, nichos em sua condição real, oferecendo uma carga  emocional muito intensa e estimuladora para a ampliação da consciência do cliente.

O ambiente presencial inegavelmente traz muito mais riquezas, porém, não há de todo uma perda de qualidade em relação ao ambiente virtual.

 

Parte 2: A sintaxe do atendimento e como incluir no trabalho terapêutico cada campo vivencial

Para discutir sobre esse tema, acho importante uma revisão sobre a metodologia descritiva que tanto influencia a Gestalt-terapia, proveniente da Fenomenologia (como em Husserl e Heidegger), juntamente com uma discussão sobre a relação figura/fundo, da Psicologia da Gestalt. Em ambas,  uma descrição não se refere, logicamente, só ao visto, mas ao sentido da vivência que emerge no campo.

Em relação à Psicologia da Gestalt, esta nos diz que toda figura só pode emergir a partir de um fundo referencial (Koffka, 1975). Logo, o sentido de algo sempre mantem uma relação com o fundo a partir da qual se diferencia. Segundo Koffka :

“Quanto às suas características , a figura depende do fundo sobre o qual aparece. O fundo serve como uma estrutura ou moldura em que a figura está enquadrada ou suspensa e, por conseguinte, determina a figura. Quanto mais generalizamos nosso conceito de fundo, mais aplicação encontraremos para essa regra. “ (Koffka, 1975, pág. 194)

 

 Desta forma, o sentido de uma figura, enquanto tema para ser trabalhado na sessão terapêutica, emergirá sempre a partir do contexto da relação terapêutica, que inclui a história desta própria relação que é  presentificada  neste encontro (a figura presente que emerge do amálgama das histórias individuais  das pessoas envolvidas: terapeuta e clientes; como  também da história dos ambientes compartilhados : histórias relativas ao ambiente do consultório, do prédio ou casa onde fica etc. ); assim como o futuro presentificado em termos de expectativas trazidas ao encontro.

Em relação à  descrição fenomenológica, esta nos orienta a considerar a implicação de quem descreve em relação ao que é descrito, pois já se colocando o mundo natural  entre parênteses, toda descrição sempre implicará em uma vinculação de quem descreve sobre o corte na realidade produzido em relação ao tema elegido para ser descrito. Ninguém é neutro e nem consegue descrever tudo de uma vez.

O que é presentificado no atendimento on-line ? A relação terapêutica, como acima descrito, porém com o acréscimo dos ambientes, que agora são vividos com distância, passando a ter uma amplitude de horizontes de sentido muito maiores. Primeiro, fisicamente, e não somente porque uma pessoa está somente distante, mas , por exemplo, pode estar em outra parte do mundo, em outro  fuso horário e submetido a outro ritmo circadiano ; pode estar em outra estação, submetido a outro clima, passando por um transtorno afetiva sazonal ( depressão de inverno)  enquanto é atendida pelo terapeuta que está próximo de uma janela e refletindo o dourado do sol de um lugar em verão. Heidegger nos traz um comentário interessante sobre isso:

“Proximidade não é pouca distância. O que, na perspectiva da metragem, está perto de nós, no menor afastamento, como na imagem do filme ou no som do rádio, pode estar longe de nós, numa grande distância. E o que, do ponto de vista da metragem, se acha longe, numa distância incomensurável, pode-nos estar bem próximo. Pequeno distanciamento ainda não é proximidade, como um grande distanciamento ainda não é distância. “ (Heidegger, 2012, pág. 143)

Segundo, sob a ótica da hermenêutica, abrindo sentidos relativos ao campo que, mesmo quando é possível visualizar através da câmera do celular ou do computador, o ambiente da outra pessoa, ver não   torna  imediatamente compreensível  ao terapeuta, o que é vivido lá. Aqui, cabe uma apresentação resumida de outro caso clínico para ilustrar.

Cliente “A”, redor 40 anos, em terapia há cerca de um ano. É casada, mora com o marido, e está vivendo o isolamento social desde março. A casa onde mora é relativamente nova, presente do pai. Seus temas antes do isolamento social, eram relativos a questões de relacionamento, seu excesso de timidez, sua tendência a se fechar etc. A partir do isolamento social e do atendimento on-line, surgem com frequência questões ligadas à família de origem, situações de infância, especialmente ligadas à falecida avó. Quando este tema retorna em mais sessões,  de uma forma que me chama a atenção, passo a perguntar como é estar trazendo este tema. A cliente não sabe responder, porém só mediante a minha pergunta, repara que em seu ambiente de atendimento (o quarto do casal), havia sobre o móvel de cabeceira, um velho e valioso relicário pertencente a avó. Ela simplesmente olhava todo dia para um objeto que era significativamente importante para sua amada avó. Só que a cliente havia esquecido disso.

Proponho um experimento para a cliente, se ela poderia trazer o relicário para perto da câmera para o incluirmos no trabalho terapêutico. Ao concordar, proponho o experimento de dar voz ao objeto, para que a cliente trouxesse mais à consciência reflexiva , essa informação imediata e  implícita presente no seu campo (termo conforme Robine, 2006, cap. 5 ). Na medida em que a cliente entra no experimento,  o relicário facilitou um acesso a uma gama de sentimentos de saudade e revolta pela perda da avó, que não estavam claros antes.

O sentido que estava presente no campo, não se resume a algo que eu enquanto terapeuta poderia visualizar, mas sim aos afetos ligados às histórias pessoais, ligados aos elementos deste ambiente, ligados à atmosfera afetiva . A GT, metodologicamente, nos orienta a como não impedir que tais sentidos possam emergir.   

A metodologia gestáltica , exatamente por ser também holística, sistêmica, trabalha com a unidade do encontro terapêutico, onde o que faz parte, não deve ser desconsiderado. Deste modo, a descrição fenomenológica também precisa ampliar-se, estendendo-se para novos horizontes de sentido e complexidade. 

Reciprocamente, o todo ambiental do terapeuta também é algo que precisa ser considerado, mesmo que, usando um termo dos Polsters, o terapeuta possa dar um “break” e cuidar dos sentidos oriundos deste ambiente em outro momento, já que no encontro terapêutico, o foco é  sobre o cliente. De qualquer forma, cada ambiente montado pelo terapeuta, seja exclusivamente profissional (como em um consultório) seja em um ambiente adaptado para ser um consultório virtual (como um escritório, um quarto, uma sala da casa, do condomínio  etc), todo ambiente é montado com elementos significativos, que também têm suas histórias. Somando-se a situação atual de um isolamento social, muitas vezes o terapeuta está atendendo em sua própria casa, e também vivendo o atravessamento das relações que eventualmente interferem em sua dinâmica profissional.

Para comentar sobre essa situação, novamente trago o capítulo sete do livro “Gestalt terapia integrada”, sobre o episódio do contato (Polster, E&M, 2001). Quando os Polsters nos falam de como, presencialmente, o encontro terapêutico tende a apresentar etapas, um ritmo de sensibilização, aproximação ao tema, encontro com a resistência, o confronto entre a necessidade do crescimento e a segurança conservativa do conhecido, até a possibilidade de abertura de novos comportamentos, culminado com o  exercício e o usofruto concreto deles. Tudo isso, dentro de ambiente do consultório que o terapeuta preparou. E no ambiente virtual, na atual situação do isolamento social ? E quando a chegada ao encontro terapêutico também é algo que o terapeuta está fazendo, saindo de sua vida conjugal, ou saindo de uma situação de cuidado de sua família, ou deixando filhos chorando, no meio de uma briga com um cônjuge etc ?

É importante ressaltar que nunca foi tão importante  compreendermos que estamos vivendo uma situação inédita, nunca antes vivida e que para a qual, então, não há respostas prévias nem possibilidade de antecipar ações. Estamos todos descobrindo como lidar, e eventualmente pode ser importante o terapeuta aceitar isso, e eventualmente também trabalhar essa aceitação por parte do cliente, dos limites que um terapeuta, assim como qualquer outra pessoa, tem, diante de algo inusitado.

 

Um comentário adicional sobre o uso da telinha-espelho

 

Incluo uma crítica à utilização do recurso da tela-espelho minimizada (a telinha que fica mostrando a própria imagem, geralmente no canto superior esquerdo, dependendo de qual recurso está sendo usado para a comunicação). Fazendo um paralelo, como um terapeuta se sentiria realizando seu atendimento terapêutico olhando para seu cliente, tendo um espelho ao lado para o qual pode olhar e ficar se vendo ?

Essa tela-espelho passa a ser um potencial elemento dispersante da atenção do terapeuta, pois sendo equivalente a como se o terapeuta estivesse atendendo presencialmente em frente a um espelho que o refletisse o tempo todo, essa telinha não só reflete a imagem do terapeuta, mas também seu ambiente, também podendo eventualmente estimular que sua atenção se foque sobre outros aspectos não pertinentes ao momento do episódio terapêutico. Mesmo que tenha uma necessidade prática que é a avaliação própria de como está a qualidade da imagem que o cliente verá. Mesmo assim, fazendo um paralelo com o atendimento presencial, é cabível,  uma avaliada junto a um espelho para checar como está a própria apresentação. Porém  não há cabimento este espelho acompanhar fisicamente o atendimento que prosseguirá. Desta forma, no atendimento virtual, a checagem na tela-espelho é importante para iniciar, mas entendo eu que não cabe mantê-la o tempo todo presente.

                                                                                                  

Parte 3: a compressão do tempo

Muitas pessoas relatam como sentem  o tempo cronológico invadindo o espaço do tempo vivido, eventualmente parecendo que o segundo é esmagado pelo primeiro.

A relação com o tempo é sempre um critério a ser verificado em relação a como está a saúde psicológica de uma pessoa, conforme nos indica Van Den Berg, em seu bastante prático livro intitulado “O Paciente Psiquiátrico – Esboço de Psicopatologia Fenomelógica”. Considerando isto, talvez muitas pessoas nunca tenham vivido uma situação tão adoecedora como a que estamos agora vivendo.

O ritmo acelerado do tempo se mostra presente e, como percebo, é  concretizado pelas suas consequências através de dois aspectos. Primeiro, pelo seu aspecto ôntico, dos diversos afazeres acumulados que são relegados à segunda instância, uma vez que o trabalho on-line se mostra tão absorvente, preenchendo segundos de minutos, que antes eram preenchidos por minutos de uma hora.  O tempo se encurta, e um prazo dado para algo ser realizado, parece ser muito insuficiente, gerando atrasos, cobranças, confrontos e culpas.

Outro aspecto, ao nível ontológico, se dá onde as cores da  figura de  nossa condição humana de “ser-em- direção-à-morte”, se mostram em sua crueza, contrastando hoje sob um fundo de matizes que intensificam a clareza desta condição. Nunca tivemos tão pouco acesso aos  mecanismos de auto-alienação  que nos anestesiavam de nossa real condição humana. Paradoxalmente, como Sartre apresenta em seu texto “O Existencialismo é um humanismo”, essa queda da alienação que nos faz ver o horizonte da morte, nunca trouxe tanta reflexão e questionamentos como hoje.

Não é à tôa que a primeira cidade chinesa foco da pandemia, Wuhan , teve um número recorde de divórcios após o retorno às condições mais próximas ao normal, enquanto que aqui no Brasil, no estado de São Paulo, em uma reportagem datada de vinte e três de julho deste ano, foi relatado que a quantidade de divórcios aumentou quase vinte por cento,  nos últimos três meses (https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/07/23/sp-tem-aumento-de-divorcios-em-junho-pela-1a-vez-desde-2017-casamentos-cairam-50percent.ghtml).

É inevitável pensarmos que diante do isolamento social que nos compele a incluirmos a reflexão sobre a própria vida de forma mais intensa, somada à  - que sempre foi presente, mas agora , mais ainda -  inevitabilidade da morte que pode atingir qualquer um (obviamente, as estatísticas demonstram que os aspectos sociais e econômicos depauperantes são relevantes para um lamentável aumento no aspecto da letalidade do contágio pelo vírus, porém, por outro lado,  não torna imune quem tem melhores  condições). Diante da morte, a pessoa se questiona se o que está sendo vivido é realmente o que se desejava viver. A morte nos traz o questionamento fundamental : “- Estou feliz com o modo de vida que vivo ?” E , muito lamentavelmente, muita gente está descobrindo que a resposta é “não”.

Penso que a relação com o tempo é uma inexorável relação direta com as escolhas. Em uma vida humana, não há tempo de tudo se escolher, consequentemente, cada escolha é uma questão, pois nos faz relacionarmos com o tempo que não teremos para realizar outras. E a constatação desta condição humana também amplia a procura pelo trabalho da psicoterapia, pois nosso trabalho é um que mais diretamente tem recursos para lidar como sofrimento da alma humana.

Tais argumentos, já muito debatidos, se encontram com a inédita situação do isolamento social e cria um potencial muito variável em relação ao modo de lidar com o tempo. Pois tanto encontramos pessoas que, em um extremo, estão amando a situação presente, seja pelo tempo que ganharam, pela oportunidade de ampliar o convívio com as pessoas com quem mora, de estudar, ler etc, como em um extremo oposto, encontramos pessoas que estão surtando, vivendo brigas intermináveis com seus conviventes, vivendo privação sexual, não vendo a hora do isolamento terminar com segurança, para sair de casa.

Na prática clínica, também aqui é importante avaliar como o cliente está lidando com o tempo. Essa avaliação pode ser um simples convite, sujeito à aceitação do cliente, de uma checagem , por exemplo , assim : “- Como está sendo sua relação com o tempo ? “.

Igualmente importante é avaliar como eu, terapeuta, estou lidando com o tempo. Não só perceber que é necessário um tempo entre cada atendimento, como alguns minutos entre se despedir e “fechar a tela” e “abrir “ uma nova com outro cliente. Porém, mais profundamente, sabendo pelo paradigma que sustenta a GT, de que nos tornamos quem somos em um sentido temporal. Desta forma,  como me vejo lidando com o sentido de um tempo encurtado, vivendo uma situação que ameaça minha saúde e que pode findar meu tempo de vida e, mesmo assim, encontrar vitalidade para estar junto de outras pessoas que eventualmente buscam o apoio terapêutico? Enfim, quem eu venho sendo ?

Entendo que um questionamento desse tipo pode ser eventualmente pesado, porém ao mesmo tempo, algo que aponta para a busca de suprir uma necessidade. Acho que nunca foi tão necessário nos sentirmos ligados aqueles quem amamos.  Não é um bom momento para um terapeuta estar só. Buscar os laços afetivos, laços amorosos, de família, de outros colegas profissionais, mesmo virtualmente, pode ser mais do que um alento, mas uma manutenção de uma saúde mental. Não seria possível prever como a frase “ninguém larga a mão de ninguém” poderia ser tão profética.

 

Recursos : como a metodologia gestáltica lida com os problemas relativos aos desdobramentos do ambiente terapêutico ?

Sendo a Gestalt-terapia uma abordagem que poderia ser incluída em uma forma de pensar coerente com um paradigma sistêmico, ou tendo coerência com a visão holística de J.C. Smuts, logo, o ambiente que agora se apresenta não pode ser minimizado para o “aquilo que é visto”. A consideração sobre o sentido do que está sendo vivido continua emergindo como um fenômeno de campo, mesmo virtualmente, e em função dos diversos lugares que passaram a compor o que era antes fisicamente restrito  a um lugar só. Desta forma, as informações que surgem adquirem o mesmo status anterior : o que acontece durante o atendimento, é sempre algo que pode se mostrar pertinente para ser trazido como tema, como incentivo para uma proposta de um experimento, como ensejo para um novo tema etc.

Mais um  exemplo de um caso clínico poderá ilustrar melhor. Cliente , mulher de cerca de 40 anos, em isolamento social, com 3 crianças pequenas, variando a idade entre 4 e 2 anos. Seu atendimento virtual acontece em sua casa, onde ela, eventualmente, insere no atendimento, os sons que acontecem nos outros cômodos, como as brigas entres as crianças, e seu medo de não poder contar com um marido impaciente, que não as trata da maneira como ela gostaria. Embora a busca inicial pela terapia, há cerca de 4 anos atrás , estava focada em seus problemas de ordem profissional, durante os últimos meses, tais temas tiveram seu tempo durante a terapia muito diminuído, pois ao começar a terapia, às vezes um grito de um filho, às vezes o grito do marido, pai das crianças, se torna uma figura com intensidade tal, que inviabilizou o foco sobre qualquer outro tema.

O que estava acontecendo em casa, da forma como se mostrava, contribuiu para que o tema de sua vida profissional se tornasse mais profunda, mais rica. Em uma recente sessão, peço que a cliente foque sobre  como ela se sentia durante a sessão terapêutica, querendo estar em outro lugar, cuidando os filhos, da casa, do trabalho etc. Peço que  ela descreva exatamente como estava se sentindo. A cliente responde e constata o óbvio : ela desejava ser duas ! Ela  queria estar na sessão comigo, e queria estar fazendo o restante de suas tarefas. Ou seja, seu desejo era impossível. Percebendo-se como uma pessoa que queria estar em dois lugares ao mesmo tempo, se percebe também como alguém que, mais profundamente, desejava na verdade ter controle, tanto em casa como em seu ambiente de trabalho, e percebendo-se também como uma pessoa com uma postura “deixa que eu faço”. Com isso,  reconheceu que transmitia em seu ambiente de trabalho , um perfil estritamente técnico, de quem executa,  impedindo-a de ascender a outros níveis superiores de cargos, mais administrativos, cujo perfil gerencial necessariamente consistia em também saber  delegar tarefas.

As interferências de outros ambientes foram incorporadas ao “espaço vital psicológico”, simplesmente porque , de fato, não há razão alguma para que tais interferências sejam excluídas de imediato. São informações presentes neste campo desdobrado, e que também podem receber o foco terapêutico , se assim se mostrar pertinente.

Como a Gestalt-terapia se funda em uma ação terapêutica sobre o contato com as fronteiras entre o organismo e o ambiente, sendo então esta atitude de contato algo que o terapeuta também vive, é necessário também compor ao novo ambiente desdobrado, o que acontece no ambiente do terapeuta, conforme já mencionado antes.

O terapeuta também vive a insegurança dos novos momentos, a incerteza sobre o que está fazendo, se “dará certo ou não”, sobre o acúmulo do cansaço e da privação de meios saudáveis de descanso e relaxamento. Sua auto-checagem e a aceitação dos próprios limites é, como sempre foi, um recurso muito precioso nestes tempos atuais.

A pandemia provoca uma situação que acomete a todos. Obviamente, não da mesma forma, em função dos enormes abismos sócio-econômicos provenientes de uma história de quem foi o maior país  escravagista da história moderna, trazendo quase 5 milhões de escravos africanos. Mas a mensagem das  mortes está sendo dirigida a todos. Em relação especificamente ao trabalho terapêutico, também é dirigida aos terapeutas.  Assim sendo, o trabalho descritivo-fenomenológico que sempre implica quem descreve em relação ao que é descrito, também nos implica em uma descrição de ambientes onde o sofrimento alheio tem muita tendência a encontrar a mesma ressonância na própria experiência de sofrimento vivência do terapeuta.

Mais comentários sobre a descrição fenomenológica :

A descrição fenomenológica não é reduzível e nem pode ser entendida como uma mera descrição objetiva de percepções fáticas, como se fosse da mesma categoria como se descreve uma planta, na ciência Botânica, que reduz taxonomicamente o descritível ao visto. É uma descrição obviamente mais ampla, que inclui o sentido de algo que está sendo vivido, “afinando” (termo segundo Heidegger) a  comunicação de uma tonalidade afetiva presente do espaço vital psicológico (termo já mencionado anteriormente, segundo Lewin). Essa descrição implica em um estado de suspensão mesmo de critérios prévios condicionantes. Nas palavras de Heidegger: “O que vale não é o esforço por nos familiarizarmos com uma posição particular, mas inversamente, a serenidade da visada cotidiana livre – livre de de teorias psicológicas e outras mais da consciência, de teorias sobre o fluxo das vivências e coisas do gênero. “ (Heidegger, 2006, pág. 110).

Assim sendo, diante do inusitado momento atual, nada melhor do que a abordagem gestáltica,  que já vem há décadas, nos instrumentalizando a ter um olhar para as situações sem condicionantes prévios.

 

Conclusão : Sugestão de um protocolo

Baseado nas questões levantadas acima, acredito ser relevante que um atendimento virtual tenha uma ampliação de contexto, visando que o cliente possa compartilhar mais objetivamente seu ambiente, alcançando mais profundamente aquilo que é materialmente assim representado, que é a visão de mundo que o cliente vivencia, a partir das relações fáticas que experimenta no mundo que é o dele. Ao compartilhar tal visão, o cliente pode não apenas descrever sua visão de mundo, mas pode incluir o aspecto visual direto, do mostrando diretamente ao terapeuta onde e como vive.

Sinteticamente, passei a adotar algumas perguntas que faço para meus clientes, cada vez que o encontro acontece em um novo ambiente para o atendimento virtual . Eventualmente, tais perguntas são incorporadas muito naturalmente durante a sessão terapêutica, não precisando de nenhum formalismo. As perguntas são :

a)      Você pode  descrever o ambiente onde você está ?

b)      No ambiente onde você está, esta ocorrendo ou pode ocorrer alguma situação que possa , ao seu julgamento, interferir com o andamento deste encontro terapêutico?

c)      Esse ambiente tem ou teve aspectos emocionais que são ou foram relevantes para você ?

d)      Esse ambiente tem ou teve aspectos emocionais que são ou foram relevantes para outras pessoas próximas a você ?

e)      Esse ambiente influencia de alguma forma sua relação com o tempo  ?

 

Mensagem final :

A GT sempre prezou o lugar de facilitar a “response + hability” (conforme em Perls, 1977, pág. 96) do cliente, sua autonomia e capacidade de auto-sustentação. Isso se dá devido a uma postura do terapeuta de abrir ao cliente um convite a uma  co-constituição da relação terapêutica. O terapeuta não produz a relação sozinho, e o contexto de uma situação inusitada como está  acontecendo agora, coloca todos as pessoas diante da mesma questão: ninguém tem experiência em como agir, pois nunca houve antes o que está acontecendo.

Logo, necessariamente estamos todos vivendo descobertas, experimentando coisas novas, e explorando novas possibilidades em conjunto.

Fica um convite para os Gestalt-terapeutas , na verdade , aproveitarem de seus recursos ligados ao contato, ao novo, ao experimento, à criatividade, sabendo que vivemos um tempo onde as pessoas que tem familiaridade com tais recursos terão com certeza uma desenvoltura profissional muito mais rica e potencialmente saudável para com sua vida e seu clientes.

 

 

 

Bibliografia :

D’Acri, G; Lima, P.; Orgler, S. “Dicionário de Gestalt-terapia”. São Paulo: Summus, 2007

Heidegger, M. “Ensaios e Conferências”. Tradução Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel e Marisa Sá Cavalante Schuback. Oitava Edição. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2012.

 

___________ “Os Conceitos Fundamentais da Metafísica:  Mundo, Finitude,  Solidão”. Tradução Marcos Antonio Casanova. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.

 

___________  “Os Problemas Fundamentais da Fenomenologia”. Tradução Marco Antonio Casanova. Petrópolis: Vozes, 2012.

__________ “Ser e Tempo”. Tradução Fausto Castilho. Petrópolis: Vozes, 2012.

 

Koffka, K. “Princípios da Psicologia da Gestalt”. Tradução Alvaro Cabral. São Paulo: Cultrix, 1975.

 

Lewin, K.  “Princípios de Psicologia Topológica”. Tradução Álvaro Cabral. São Paulo: Cultrix, 1973

Perls, F. S. “Gestalt-terapia Explicada”. Tradução George Schlesinger . São Paulo: Summus, 1977.

Polster, E. & M. “Gestalt terapia Integrada”. Tradução Sonia Augusto. São Paulo: Summus, 2001.

Robine, J.M. “O Self Desdobrado:  Perspectiva de Campo em Gestalt-terapia”. Tradução Sônia Augusto. São Paulo:Summus, 2006.

Van Den Berg, J. H. “O Paciente Psiquiátrico – Esboço de Psicopatologia Fenomenológica”. Tradução  Miguel Maillet. São Paulo: Mestre Jou, 1981.